31 de agosto de 2007

Uma incrível aventura

Depois de um dia corrido no trabalho e de uma aula extremamente cansativa, resolvo me dar ao luxo de ir de táxi para casa, o que é muito comum ultimamente, pois gosto de me fazer agrados.
Até porque como moro perto da faculdade, de táxi levo uns 5 minutos para chegar em casa, de ônibus levaria em torno de 25 minutos devido a uma pequena volta que ele faz, mais o tempo de espera na parada.
Coloco meus fones de ouvido e saio a passos largos em direção ao ponto para pegar o táxi.
Andar de táxi em Porto Alegre é sempre uma aventura, acontece coisas inacreditáveis , e surge os assuntos mais impressionantes, que vão desde a previsão do tempo (o preferido por muitos quando se fala com estranhos), o prêmio da loteria acumulada, as ruas violentas e esburacadas, até aos mais impressionantes causos sobre acidentes, problemas familiares, idas ao motel com passageiras e outras histórias que mais parece coisa de pescador. E olha que moro perto e como disse ali em cima, a corrida leva em torno de 5 minutos. Imagina pegar um táxi da Zona Sul até a Zona Norte... deve ser uma experiência no mínimo interessante.
Mas voltando ao assunto, vou me aproximando do ponto e vejo que tem uma fila relativamente grande de carros parados no ponto, o que pra mim é bom, pois significa que não vou ter que esperar nem um minuto, mas para os taxistas não deve ser muito agradável, pois após uma corrida curta como a minha eles terão que voltar para o final da fila.
Como eu não posso fazer nada por isso, entro no táxi, tiro os fones do ouvido e digo a rota calmamente, anunciando a corrida relativamente curta.
(Depois do dia em que estava muito frio e eu estava usando uma touca e um jaquetão, e quando entrei no táxi o motorista puxou uma faca pois achou que eu ia assalta-lo, sempre procuro fazer movimentos leves e calmos. hehehehe)
Neste momento o motorista me olha com uma cara de malandro pelo retrovisor e diz: - 10 né? Tu sabe que vai ser 10 né?
Respondo calmamente dizendo que ele estava enganado e informo que dá no máximo 7 reais até ali, dependendo do trânsito.
Neste momento o cara começa a dizer um monte de coisas inaudíveis mas tenho a certeza absoluta de que está praguejando contra mim, então, pra não ouvir coloco meus fones de ouvido novamente e continuo escutando um rock maluco qualquer.
Depois de 200 metros, fecha uma sinaleira e o cara começa a brigar com os outros motoristas que pararam por causa do sinal vermelho. Tenta trocar de pista mas como ficou muito colado no carro da frente não consegue, engata uma ré e distribuindo gritos começa a andar para traz. Não anda muito, pois um outro carro já tinha parado atrás.
Maldito sinal vermelho devia estar pensando ele...
A sinaleira abre e ele finalmente consegue trocar de pista cantando pneu para ganhar 2 posições naquela corrida louca por coisa nenhuma. Corta a frente de 2, buzina para 3 e continua a praguejar...
Tenta me propor uma nova rota para chegar ao meu destino, dizendo que era para fugir do trânsito, mas a nova rota aumentaria consideravelmente a distância até meu destino, então recuso e digo para ele continuar por onde eu tinha dito.
Ouço resmungos por mais umas 4 quadras até que nos aproximamos mais uma vez de uma sinaleira fechada. meu coração começa a bater mais forte pois ele continua acelerando enquanto 2 carros em uma pista e um caminhão na outra pista parados por causa do sinal vermelho bloqueiam completamente a passagem. Uma freada brusca, muito sinal de luz e buzinadas não removem os carros da frente até que a sinaleira abrisse.
Mais uma vez arrancamos cantando pneu e os palavrões ecoam pelo bairro.
Quando faltam 3 quadras para minha casa ele me olha novamente pelo retrovisor e dispara: - O problema é que tem muito barbeiro dirigindo em Porto Alegre!
"Começando por ti!", pensei eu, mas apenas esbocei um sutil e prolongado - Éééééééé....!
Chegando em frente ao meu destino o taxímetro marcava 7,23. Já tinha separado 7 reais e peguei mais uma moeda de 25 centavos, entreguei pra ele e desci do carro. Antes de fechar a porta olhei para aquele homem com cara de louco e calmamente disse: - Os 2 centavos ficam de gorjeta pelo senhor ter me trazido vivo até aqui... Esse trânsito está um caos mesmo... Mas sinceramente, acho que o senhor precisa de umas férias, já pensou em ir pescar?
Fechei a porta e sai em disparada ainda ouvindo os gritos do homem louco, que saiu desesperado a procura de mais alguma vitima.
Realmente, andar de táxi em Porto Alegre é uma enorme aventura, e pelo meu próprio bem, ou volto a andar de ônibus ou preciso urgente agilizar o esquema do meu carro.

Um comentário:

Anônimo disse...

KKK... foi boa esta!!!