21 de janeiro de 2011

Vício

Muitas pessoas tem vícios. Alguns são perigosos, prejudiciais, mortais, outros, um pouco mais leves.
Eu, por exemplo, sou um viciado.
Demorei muito para admitir isso e escrevo estas palavras com um pouco de timidez por assumir assim abertamente meu "problema", mas como agora resolvi encarar, e acho que essa é uma boa maneira de encarar a situação, sigo adiante com meu relato destinado ao meu inconciente, na busca de alguma ajuda, de entendimento, quem sabe até de aprovação.
Começou quando eu ainda era jovem, recém chegado do interior e deslumbrado com a grandiosidade nem tão grande assim da capital. Logo de cara fui apresentado a algumas alternativas para driblar, ou até mesmo ajudar nesta insana vida corrida que eu começava a fazer parte e como que num passe de mágicas, aquilo começou a fazer parte da minha rotina. Não percebi que aquilo poderia tornar-se um vício, mas continuava buscando cada vez mais. Queria consumir de lugares diferentes, em lugares diferentes, quanto maior o espaço e maior a variedade, mais eu ficava fascinado. As horas passavam sem que eu percebesse, as vezes saía do trabalho e quando percebia já era quase madrugada. Assustei-me quando percebi  que estava inserindo meu vício nos pequenos intervalos do meu dia. Bastava uma brecha no horário que lá estava eu, perambulando, perdido no tempo e no espaço .
Foi numa dessas brechas que me dei conta de que estava viciado em caminhar pelos supermercados. Não mercadinhos, mercearias e vendas de bairro, mas os grandes, os hipermercados. Tenho 2 entre meus favoritos. Neles me sinto bem, a vontade. Cada corredor com seu charme, sua beleza. A forma, as cores e até maneira com que os produtos são colocados nas prateleiras é arte pura.
No corredor da ferragem, sei decor o preço de todos os produtos, mesmo sem nunca ter comprado nada ali, sei o que cada tipo de ração animal diz que faz e continuo comprando sempre a mesma para o meu gato, lembro de todos os potes, panelas, copos, pratos e talheres a venda, confiro a data de validade de itens que nunca comprarei, leio detalhes do rótulo, de todos os produtos que não conheço e vou ao delírio em corredores coloridos, seja ele o das massas, produtos de limpeza, guloseimas ou bebidas.
Cada vez que entro, é difícil saír, pois existe sempre um produto que eu ainda não conheço ou não consegui ver algum detalhe. Mas eu volto, quase que diariamente.
Ainda bem que não gasto muito, pois gosto muito mais de olhar do que de comprar. Não sou pão duro, apenas sou um viciado econômico! Agora me da licença que preciso dar uma passadinha ali no supermercado.

Um comentário:

M.M. disse...

Gostei.
Assumi há pouco tempo que sou viciada em vícios e tenho o dom de perverter a abstinência.

Beijo!

MeninaMisteriosa