4 de outubro de 2010

A Festa da Democracia

Discutir os resultados das urnas é chover no molhado. A tempos que a política deixou de ser uma maneira de mudar o país, de lutar por um futuro melhor e tornou-se nada mais que um carnaval fora de época. Jogadores de futebol, atores, apresentadores de TV,  humoristas, cantores, ex-BBBs e todo o tipo de sub-celebridades brotam de todos os cantos e fazem votações impressionantemente expressivas.
Em um país onde um palhaço (e pelo que sei, analfabeto) é o deputado mais votado pelo maior colégio eleitoral,  fica muito óbvio que não é bem ele que está sendo o palhaço nessa história.
Voto de protesto? Uma bela brincadeira que poderá nos prejudicar por 4 longos anos, isso sem contar os outros candidatos do mesmo partido ou coligação que entraram de gaiato por conta desse imenso número de votos. Aposto que isso os tais "protestantes" não pensaram na hora de votar.
O povo brasileiro que diz se preocupar tanto com a corrupção, continua por ai a trocar seu voto por pouco mais de nada. É uma bolsa esmola aqui, um incentivo ali, um emprego para um familiar aqui, um CC no caso do fulano ganhar ali, e agora mostrou que troca até mesmo por uma piada. sem graça.. A escolha é quase sempre pensando na máxima "O que é melhor para mim?" ao invés de "O que é melhor para o país?".
Mas não era de se esperar nada diferente, mesmo. Por exemplo, acho uma idéia muito boa esse tal "Ficha Limpa", mas convenhamos, um povo que precisa de uma lei para dizer que não se pode votar em bandidos e corruptos é um povo que precisa ser protegido de si mesmo.
E agora vem a o segundo turno, que deve ser equivalente a um porre na quarta-feira de cinzas, após 5 dias de intensa folia! Mas e depois que as eleições acabam?
Com as ruas imundas, com santinhos, cartazes, banners, muros e paredes pintadas espalhados por todos os cantos, os vencedores colocam seus discursos bonitos no fundo de uma gaveta para só retira-los daqui a 4 anos, quando começa o carnaval novamente e eles mostram tudo que fizeram (ou não fizeram e dizem que fizeram, pois a maioria não percebe mesmo) e os perdedores correm para tentar acordos e conseguir um pouquinho de mordomia e poder, enquanto a população continua na mesma.
Os meios de comunicação param de mostrar aquele país utópico do horário eleitoral e voltam para sua programação normal. Continuamos com a maior taxa de juros do mundo, com impostos  exorbitantes, com professores do ensino básico ganhando um salário de fome, com um sistema de saúde ineficiente e insuficiente, com a falta de regulamentações, que permite que as grandes empresas façam o que querem com o consumidores, com o governo fazendo o que quer com o povo, com a falta de segurança, greves, escândalos e muita impunidade.
Eu sei que estou chovendo no molhado e também sei que essa é apenas a minha opinião. Nem posso reclamar de nada, pois este ano não participei dessa "festa da democracia" pois justifiquei meu voto. E pensando pelo lado bom da coisa, ao menos agora, finalmente saberemos o que um deputado federal faz, não é Senhor Palhaço?

Um comentário:

Eve disse...

Quem cresceu na geração da "Lei de Gerson", continua agindo querendo tirar vantagem. Nunca pensei que um comercial pudesse influenciar tanta uma nação por tanto tempo.
Ontem, passou no jornal daqui o resultado das eleições (e não foi em um só). O Brasil é um país importante no cenário mundial, mas brasileiro continua encarando tudo como se fosse carnaval o ano todo.
Um pouco de consciência não faz mal a ninguém...
Bjs!