Estava trabalhando tranquilamente quando meu celular tocou naquela tarde, há umas duas semanas. Com aquela voz que só as mulheres sabem fazer, Lua me relembrou da história de um cãozinho que uma grande amiga havia recolhido da rua, magro, sujo e debilitado e que havia sido enviado para uma clinica para recuperação. Lembrei da história, fazia mais de mês que ela tinha me contado isso , e já me preparei para o que imaginei que estaria por vir.
Ao terminar de contar sobre a reabilitação do cãozinho, perguntou o que achava de ele passar um tempo na nossa casa até achar um lar definitivo e eu fiquei sem ter como negar aquele pedido tão cheio de sentimentos, e também porque a casa não é só minha, é a nossa casa. Sempre gostei muito de cachorro, muito mesmo, mas nunca tive um dentro de casa. Os cachorros da minha infância eram todos de pátio, entravam em casa somente se alguém deixasse a porta sem querer aberta e normalmente nestes momentos eles disparavam para dentro, mas no meu apartamento pequeno isso seria impossível. Na minha cabeça só vinha o lado negativo da situação, bagunça, cheiro forte, xixi e cocô pela casa toda, mas bastou ver o Lirou, aquele magrelo vira-lata saindo da pet todo curioso em direção ao carro para que alguma coisa acontecesse em mim. Fomos para casa e conforme ele foi se soltando, foi se aproximando da gente, seguindo pela casa, brincado e correndo em todos os lugares que íamos, sala, quarto, cozinha e até quando eu ia ao banheiro, la estava ele pedindo um pouco de atenção. Quando percebi estava totalmente encantado por aquele pequeno, lendo sobre adestramento, treinando ele e ficando admirado a cada evolução. Ensinei algumas regras e limites, a sentar para pedir comida e a ficar dentro de sua casinha, para dormir e para roer seus adorados ossinhos de couro. Quando a gente sentava no sofá, ele deitava bem no meio, e ficava curtindo os carinhos que ganhava durante esse tempo. Adormeceu muitas vezes enquanto ganhava carinho e também nos acordou cedo da manhã para descer para passear. E assim passamos uma semana, uma história com muitas partes boas, todo o lado ruim que eu havia pensado nem sequer apareceu, mas a idéia sempre foi fazer apenas uma casa de passagem para que ele pudesse melhorar de vida, e a correria que nos obriga a ficar fora de casa o dia inteiro deixava o coitadinho muito tempo sozinho dentro do apartamento. Enquanto estávamos em casa era uma maravilha, mas ao sair já ficávamos com o coração apertado e muita pena daquele pequeno que se enchia de medo ao ver a gente começar a se arrumar para sair. Deixava a luz acessa, o som ligado e sempre que podia ia até em casa ver como ele estava, dar um pouco de comida, carinho e passear um pouco também. Mas a cada retorno ele demonstrava claramente que não estava sendo o suficiente. O desespero que ele ficava quando retornávamos para casa era claro. Uma mistura de alegria pelo encontro com um ar melancólico por ter ficado sozinho e "preso" em apenas uma peça da casa. Eu sentia culpa por toda aquela agonia. Ele não comia mais sossegadamente pois o prato de comida estava na peça em que ele ficava preso. Quando estávamos em casa ele corria até o prato, enchia a boca com a ração e vinha comer ao nosso lado. Medo de ser abandonado mais uma vez.
Depois de refletir que os dias da semana serão sempre assim nos próximos anos, muito tempo fora de casa e pouco tempo para retribuir todo aquele amor e carinho que aquele cãozinho nos passava, então seguimos adiante com a idéia inicial de achar um novo lar para ele. Anunciamos o Lirou nos sites de adoção de animais com algumas fotos que fiz em um dos nossos passeios e em menos de 24 horas recebemos uma ligação de uma senhora querendo adota-lo. Mas não íamos entregar ele para qualquer pessoa, teríamos que aprovar a nova casa e ter a certeza de que ele ficaria bem. A senhora que ligou, é proprietária de um sítio em São Francisco de Paula, na serra gaúcha, próximo a Gramado. Lua e eu já havíamos comentado que o melhor para ele seria morar em um sítio para ter bastante espaço para correr e a ligação desta senhora serviu como uma luva. Não pensamos duas vezes e sábado pegamos o carro e partimos em direção da serra. Devido a compromissos saímos de Porto Alegre apenas no final do dia e chegamos ao sítio as 9 horas da noite. Um casal extremamente simpático de senhores nos recebeu, arrumaram um lugarzinho para o Lirou ficar e nos convidaram para o jantar que estava apenas nos esperando para começar. Depois de muita conversa, muita troca de experiência e muita risada e um jantar muito bom na cozinha, em frente a um fogão a lenha, eles nos informaram que tinham um quarto arrumado para que passássemos a noite e na manhã seguinte conhecêssemos o lugar. Acordamos cedo, ansiosos por conhecer a nova casa do Lirou. As pessoas já haviam sido amplamente aprovadas, só faltava aprovar o lugar, pois na chegada, a noite escura e a forte cerração não deixaram a gente ver nada. Quando saímos para fora vimos que era muito melhor do que poderíamos imaginar. O sítio ficava entre imensos morros, mato para todos os lados , muito espaço, com uma pequena corredeira atravessando o lugar formando pequenas cachoeiras. O Lirou conheceu os outros cães do lugar e instantâneamente começou a brincar e correr com eles.
Se adaptou tanto ao lugar que quando fomos embora ele nem olhou para o carro, só queria saber de brincar, brincar e brincar. Estava feliz.
Quando chegamos em casa, bateu uma saudade imensa. A companhia dele era boa demais, mas hoje, durante o tempo que estamos fora de casa, eu me sinto extremamente tranquilo, com a certeza de que fizemos o melhor para aquele ser que estava jogado a própria sorte com apenas alguns meses de vida e que agora tem um lar e não fica mais trancado nem por 1 minuto, esta livre para correr, cavar, pular, brincar, latir e tudo mais que um cachorro gosta de fazer.
Fomos atrás de notícias dele e a reposta da senhora foi que ele esta muito bem e totalmente adaptado. Fiquei feliz.
A saudade vai ser grande, assim como a casa ficou sem a presença dele.
O Lirou ficou apenas alguns dias com a gente mas nem parece.
Não fosse essa vida corrida, certamente seria diferente, certamente ele jamais sairia de nossas vidas.
Abaixo, alguns registros de momentos que ficarão guardados para sempre, nas fotos e na nossa memória!
Ao terminar de contar sobre a reabilitação do cãozinho, perguntou o que achava de ele passar um tempo na nossa casa até achar um lar definitivo e eu fiquei sem ter como negar aquele pedido tão cheio de sentimentos, e também porque a casa não é só minha, é a nossa casa. Sempre gostei muito de cachorro, muito mesmo, mas nunca tive um dentro de casa. Os cachorros da minha infância eram todos de pátio, entravam em casa somente se alguém deixasse a porta sem querer aberta e normalmente nestes momentos eles disparavam para dentro, mas no meu apartamento pequeno isso seria impossível. Na minha cabeça só vinha o lado negativo da situação, bagunça, cheiro forte, xixi e cocô pela casa toda, mas bastou ver o Lirou, aquele magrelo vira-lata saindo da pet todo curioso em direção ao carro para que alguma coisa acontecesse em mim. Fomos para casa e conforme ele foi se soltando, foi se aproximando da gente, seguindo pela casa, brincado e correndo em todos os lugares que íamos, sala, quarto, cozinha e até quando eu ia ao banheiro, la estava ele pedindo um pouco de atenção. Quando percebi estava totalmente encantado por aquele pequeno, lendo sobre adestramento, treinando ele e ficando admirado a cada evolução. Ensinei algumas regras e limites, a sentar para pedir comida e a ficar dentro de sua casinha, para dormir e para roer seus adorados ossinhos de couro. Quando a gente sentava no sofá, ele deitava bem no meio, e ficava curtindo os carinhos que ganhava durante esse tempo. Adormeceu muitas vezes enquanto ganhava carinho e também nos acordou cedo da manhã para descer para passear. E assim passamos uma semana, uma história com muitas partes boas, todo o lado ruim que eu havia pensado nem sequer apareceu, mas a idéia sempre foi fazer apenas uma casa de passagem para que ele pudesse melhorar de vida, e a correria que nos obriga a ficar fora de casa o dia inteiro deixava o coitadinho muito tempo sozinho dentro do apartamento. Enquanto estávamos em casa era uma maravilha, mas ao sair já ficávamos com o coração apertado e muita pena daquele pequeno que se enchia de medo ao ver a gente começar a se arrumar para sair. Deixava a luz acessa, o som ligado e sempre que podia ia até em casa ver como ele estava, dar um pouco de comida, carinho e passear um pouco também. Mas a cada retorno ele demonstrava claramente que não estava sendo o suficiente. O desespero que ele ficava quando retornávamos para casa era claro. Uma mistura de alegria pelo encontro com um ar melancólico por ter ficado sozinho e "preso" em apenas uma peça da casa. Eu sentia culpa por toda aquela agonia. Ele não comia mais sossegadamente pois o prato de comida estava na peça em que ele ficava preso. Quando estávamos em casa ele corria até o prato, enchia a boca com a ração e vinha comer ao nosso lado. Medo de ser abandonado mais uma vez.
Depois de refletir que os dias da semana serão sempre assim nos próximos anos, muito tempo fora de casa e pouco tempo para retribuir todo aquele amor e carinho que aquele cãozinho nos passava, então seguimos adiante com a idéia inicial de achar um novo lar para ele. Anunciamos o Lirou nos sites de adoção de animais com algumas fotos que fiz em um dos nossos passeios e em menos de 24 horas recebemos uma ligação de uma senhora querendo adota-lo. Mas não íamos entregar ele para qualquer pessoa, teríamos que aprovar a nova casa e ter a certeza de que ele ficaria bem. A senhora que ligou, é proprietária de um sítio em São Francisco de Paula, na serra gaúcha, próximo a Gramado. Lua e eu já havíamos comentado que o melhor para ele seria morar em um sítio para ter bastante espaço para correr e a ligação desta senhora serviu como uma luva. Não pensamos duas vezes e sábado pegamos o carro e partimos em direção da serra. Devido a compromissos saímos de Porto Alegre apenas no final do dia e chegamos ao sítio as 9 horas da noite. Um casal extremamente simpático de senhores nos recebeu, arrumaram um lugarzinho para o Lirou ficar e nos convidaram para o jantar que estava apenas nos esperando para começar. Depois de muita conversa, muita troca de experiência e muita risada e um jantar muito bom na cozinha, em frente a um fogão a lenha, eles nos informaram que tinham um quarto arrumado para que passássemos a noite e na manhã seguinte conhecêssemos o lugar. Acordamos cedo, ansiosos por conhecer a nova casa do Lirou. As pessoas já haviam sido amplamente aprovadas, só faltava aprovar o lugar, pois na chegada, a noite escura e a forte cerração não deixaram a gente ver nada. Quando saímos para fora vimos que era muito melhor do que poderíamos imaginar. O sítio ficava entre imensos morros, mato para todos os lados , muito espaço, com uma pequena corredeira atravessando o lugar formando pequenas cachoeiras. O Lirou conheceu os outros cães do lugar e instantâneamente começou a brincar e correr com eles.
Se adaptou tanto ao lugar que quando fomos embora ele nem olhou para o carro, só queria saber de brincar, brincar e brincar. Estava feliz.
Quando chegamos em casa, bateu uma saudade imensa. A companhia dele era boa demais, mas hoje, durante o tempo que estamos fora de casa, eu me sinto extremamente tranquilo, com a certeza de que fizemos o melhor para aquele ser que estava jogado a própria sorte com apenas alguns meses de vida e que agora tem um lar e não fica mais trancado nem por 1 minuto, esta livre para correr, cavar, pular, brincar, latir e tudo mais que um cachorro gosta de fazer.
Fomos atrás de notícias dele e a reposta da senhora foi que ele esta muito bem e totalmente adaptado. Fiquei feliz.
A saudade vai ser grande, assim como a casa ficou sem a presença dele.
O Lirou ficou apenas alguns dias com a gente mas nem parece.
Não fosse essa vida corrida, certamente seria diferente, certamente ele jamais sairia de nossas vidas.
Abaixo, alguns registros de momentos que ficarão guardados para sempre, nas fotos e na nossa memória!
4 comentários:
Pq vc fez isso comigo??? Eu estava quieta no meu canto e vc me prega uma peça dessas!!
EU ESTOU DOIDA PRA TER UM CACHORRO!
Só que aqui é uma fortuna, vc não acha abandonado na rua (amém!) e até os vira-latas custam uma nota, pelo menos, 500 euros! Eles cobram pela estadia do cachorro na casa, as vacinas, a ração... Zzzzzzz
Eles são lindos, não!?
Mas, vc tomou a decisão certa. Está de coração tranquilo agora.
Bjs!
Que saudade!
Que saudade!
Que saudade!
Aquele cheiro de banho (de pet)misturado com cheiro de cachorro no pescoço do nosso Lirou.
Que saudade!
hello my friend 0_0
warm greeting from font lover.
keep up your good work!
queridoooo ... adorei a historia ! beijo
Lucie
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