4 de novembro de 2008

Lâmpada Queimada

Já passava das 10 da noite de uma terça-feira chuvosa. Desceu do ônibus no ponto de sempre após mais um dia de trabalho e aula e caminhava solitário pela rua quase abandonada em direção a sua casa.Ainda estava a umas duas quadras de casa quando percebeu a frente uma menina-mulher em uma parada de ônibus. Aparentemente ela apenas aguardava o ônibus, mas as vezes as aparências as vezes enganam. Quanto mais se aproximava dela, mais ela o encarava e analisava detalhadamente. Ele também encarou ela, analisou detalhadamente seu rosto bonito e seu corpo bem servido de carnes, na proporção exata para o pecado, ainda mais com mini-saia que ela usava e a deixava mais deliciosa ainda.Ao chegar bem ao seu lado, ela gentilmente o chamou:
-Oiiii!
Sua voz aveludada e manhosa o paralisou imediatamente e ele prestou toda a atenção do mundo no que aqueles lábios vermelhos e carnudos iriam dizer. Num movimento rápido mas delicado, sentiu os dedos pequenos e macios dela segurando seu braço. Ela deu um passo em sua direção e falou próximo ao seu ouvido quase sussurrando:
-Estou precisando de uma ajuda aqui em casa... Por acaso poderia me ajudar a trocar uma lâmpada que queimou e eu não alcanço?
Numa fração de segundos, milhares de coisas passaram pela sua cabeça. Poderia ser uma armadilha para um assalto, poderia ser um sequestro, poderia ser uma assassina, ou poderia ser que ela precisasse de ajuda mesmo, e mesmo que isso fosse o mais improvável, e como ele não tinha muita coisa a perder, resolveu arriscar e aceitou a tarefa.
Ela lhe indicou um portão de um local onde durante o dia funcionava um estacionamento. Eles entraram e ela passou uma corrente no portão. Dentro do estacionamento tinha um casebre e ele gelou completamente ao ver que ela se dirigia para ele, mas agora não dava mais para voltar... Respirou fundo e seguiu.Ao entrar no casebre havia uma mesa no centro do que seria a sala e em cima dela uma lâmpada. No teto, nada de lâmpada queimada, apenas um lustre velho e enferrujado sem lâmpada nenhuma.Ele subiu na mesa e colocou a lâmpada no seu lugar, ela acendeu a luz e a sala se iluminou. Ao descer da mesa ela se dirige a ele com a cara de quem iria aprontar algo e diz suavemente:
-Muito obrigado, como eu posso te pagar por esta ajuda?
Inocente ele responde que não precisa pagar, que não foi nada de mais, mas ela insiste:
-Precisa sim, ficaria muito triste se não pudesse retribuir este imenso favor...
Ao terminar a frase, suas mãos delicadamente subiram sua saia até a cintura e revelaram seu corpo inteiramente nu, e ela completou:
-Posso retribuir assim?
Com o coração disparado pela surpresa de vê-la sem calcinha e com a cabeça de baixo pensando infinitas vezes mais rápido que a cabeça de cima, foi só abrir um sorriso para que o que restava das roupas dela saisem voando pela sala. Sabe-se lá quanto tempo durou aquela loucura. Muitos beijos, apertões, arranhões e gemidos, os corpos desconhecidos exploravam-se como se tentassem sugar toda a energia um do outro, até que por fim conseguiram e tudo se transformou em êxtase. Ela acende um cigarro e caminha nua pela sala do casebre girando a camisinha em direção ao lixo, enquanto ele que lentamente se vestia recebe um recadinho dela:
-Vista-se mais rápido que daqui a pouquinho meu namorado chega... E ele não pode te ver aqui dentro!
Apavorado com a notícia, ele veste-se rapidamente e ela, vestindo apenas uma camiseta velha e comprida o acompanha até o portão. Ao se despedir ele tenta se apresentar para ela, mas ela bruscamente o interrompe e diz:
-Sem nomes... Gostei muito de dar pra ti, não vamos estragar tudo. Se um dia cruzar meu caminho novamente e outra lâmpada estiver queimada aqui em casa, eu te chamo, gatinho.
Ele saiu e o portão se fechou, ficou pensando e sorriu quando se deu conta de que tinha sido usado, como um objeto descartável, e jogado fora. Durante dias ele passou ali no mesmo horário, na esperança de outra lâmpada trocar, mas nunca mais viu ela. Um dia voltou para casa e viu que tinham demolido o casebre e que o estacionamento iria dar lugar a uma outra construção.
Ele nunca mais viu ela, mas depois disso, toda vez que vê uma lâmpada queimada, lembra-se do dia que virou um simples objeto sexual, e sorri.

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