Da janela da minha casa eu via quase tudo
Carros e pessoas passando depressa pela rua
A vizinha distraída andando pela sala nua
Pássaros voando aos montes
Nuvens se perdendo na linha do horizonte
A lua, a chuva, o sol
Solitários fumando na sacada enrolados em lençol
Da janela da minha casa eu via quase tudo
E por muito tempo eu olhei
Tudo que aconteceu eu analisei
Esperava que algo viesse de fora a toda velocidade
Sonhava que esse algo traria junto a minha felicidade
Eu praticamente não dormia
E sonhava mais com este milagre a cada dia
Da janela da minha casa eu via quase tudo
Até que um dia eu a fechei
De tanto olhar para fora, cansei
Parei na frente do espelho e abri o olho devagar
Me assustei quando vi que tinha um estranho a me encarar
A tempos que ele forçava a esse duelo e eu sempre fugia
Mas algo tinha mudado e já não mais o temia
Da janela da minha casa eu via quase tudo
Mas me dei conta de que "quase" não é tudo e sai porta à fora
Sem dor, sem rumo, sem hora
Não sei quantos rostos diferentes já encarei
Não faço idéia de quantos caminhos eu já passei
Agora eu ando pelo mundo todo dia
E a cada passo crio meu próprio milagre com pitadas de alegria
2 comentários:
eu vou roubar esse poema pra mim!
tem a cara do meu momento! ;)
beijos!
Bonito.
Relata o quanto nós não nos conhecemos, e buscamos nos outros uma forma de ir um pouco mais fundo dentro da nossa própria alma.
Talvez, a janela da alma é que precisa ser aberta para arejar o espírito.
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